segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Comentários e dicas de mais 5 livros maravilhosos!

Definitivamente tenho dado muita sorte com os livros que tenho lido!

A Terceira Xícara de Chá - de Greg Mortenson



Em 1993, Greg Mortenson, um escalador de Montana, se perdeu em meio a uma terrível tempestade de neve, ao tentar voltar de uma tentativa frustrada de escalar o K2. Congelado e desidratado, foi parar quase inconsciente em uma vila muito pobre no Paquistão, nas Montanhas Karakoram. Recobrou os sentidos e se viu sendo super bem cuidado pelos habitantes da vila. Passou algum tempo ali, e emocionado com a gentileza e bondade dos habitantes locais, prometeu voltar e construir uma escola. O livro retrata de forma emocionante a forma de que essa promessa foi cumprida. Foi uma saga que nenhum roteirista de filme conseguiria escrever da forma tão incrível como a que aconteceu. Na década que se sucedeu, Greg construiu não só uma escola, mas 55 escolas, a maior parte delas para meninas, em povoados remotos e proibidos e de um cenário deslumbrante do Paquistão e e do Afeganistão. Este livro se tornou um fenômeno de vendas nos EUA, tornando-se leitura obrigatória em muitas escolas. Totalmente incrível.


Stones into Schools - de Greg Mortenson e  Mike Bryan




Este livro é uma continuação da saga do Terceira Xícara de Chá, comentado acima. O livro conta a história da trajetóriade de 16 anos de Greg entre o Paquistão e Afeganistão, na sua missão pessoal de construir escolas para meninas. Aventuras, grandes sonhos, energia e determinação fazem parte do dia a dia de Greg e seus amigos Afegãos, nessa missão que muitas vezes parecia impossível. O livro é inspirador, e mostra como mesmo em um dos cenários mais devastados do mundo pela guerra e terrorismo, as pessoas ainda perseguem seus sonhos, e se atem a valores importantes, como o da educação das crianças. É a história da trajetória de uma pessoa real, Greg, que fez a diferença na vida de milhares de pessoas.


No Guidão da Liberdade - de Antonio Olinto Ferreira


Conheci o Olinto e sua esposa em uma viagem de bike. Fiquei impressionada com a vida de 'pedalantes' que eles levam, e comentei este fato com eles. Eles então me falaram deste livro, que conta como tudo começou. Na hora, eu achei a história linda, mas jamais imaginei que pudesse ser tão emocionante. Bom, eu já sou apaixonada por viagens de bicleta, então este livro tinha tudo para me empolgar. E me surpreendeu. A viagem do Olinto foi tão incrível e aventureira, que resgata aquela vontade que a gente esquece que tem, de largar tudo e passar anos viajando. Mostra também como nada é impossível, afinal ele deu a volta ao mundo em 3,5 anos, passou por diversos países e culturas, atravessou zonas de perigo, e só tem coisas boas para contar. O livro me passou a impressão que um dos fortes motivos da viagem ser tão bem sucedida vem do despreendimento do autor, da coragem e do amor pela vida e pela aventura. Ele fez de cada minuto de sua viagem uma história deliciosa de ler.


 Agassi - Autobiografia



Conta a vida do mais polêmico e mais querido jogador de tênis. Eu não sei muita coisa de tênis, não sou nada familiar com o linguajar das quadras, e mesmo assim, me vi totalmente envolvida pela vida arrebatadora de André Agassi. Diferente de outras autobiografias de esportistas, esta é super bem escrita e deliciosa de ler. Foi incrivel descobrir o mito por trás das críticas e da mídia. A vida dele, que ressaltada por uma personalidade forte, mas frequentemente muito depressiva, mais parece um cenário de um drama incrível, vencendo barreiras desumanas, e contestando várias verdades que às vezes temos como absolutas. A vida de Agassi, que treinou desde o início da infância, muitas vezes lembrava mais uma tortura imposta pelo seu pai, do que uma paixão pelo esporte.  Apaixonante.


Equador - de Miguel Sousa Tavares



Um drama super envolvente de um português que larga sua dolce vitta dos salões de Lisboa, para ser governador das colônias portuguesas São Tomé e Príncipe, duas ilhotas perdidas no Atlântico ao largo da costa da África. Super interessante o ponto de vista dos 'desterrados', principalmente no papel deste protagonista, Luis Beranardo, que foi praticamente obrigadado a aceitar tal função. E creio que mais interessante ainda por agora eu ser uma moradora da ilha de Nossa Sra do Desterro, alguns paralelos não deixam de vir à mente. Os interesses da monarquia no inicio do século XX, o jogo de poderes, e principalmente a luta interna de Luis entre os seus valores e a sua sobrevivência social. Lógicamente tem também um romance arrebatador na estória, que junto aos conflitos internos de Luis, não me deixaram largar o livro.

domingo, 25 de setembro de 2011

O Canyon do Xingó e a Rota do Cangaço

Eu nem sabia onde ficava esse tal de Xingó quando minha amiga Audy falou que estava indo para lá. Aliás, confesso minha ignorância, achei até que era para o Xingu que ela estava indo! Mas Xingó ou Xingu,  como tratava-se de um destino que eu não conhecia, mais o  fato de estarmos na baixa temporada, o que me dá tempo de sobra para viagens, e mais a esperança de descongelar (estava um gelo em Floripa!), resolvi embarcar na trip da minha amiga. Passagens emitidas por milhas para Aracaju, e só roupa de verão na mala, que felicidade! De Aracaju, tomamos um micro-ônibus de linha rumo ao sertão, que demorou umas 4 horas para chegar ao nosso destino, a cidade de Piranhas. O nome é estranho, mas a cidade é linda! E na verdade, fica no estado de Alagoas, bem na divisa com Sergipe. O centrinho histórico parece cenário de novela, uma mistura de Parati com Tiradentes,  às margens do Rio São Francisco.
Cidade de Piranhas vista de cima da Igrejinha. Foram mais de 300 degraus para tirar esta foto!

Muita gente faz o passeio dos Canyons do Xingó em um dia só, saindo de Aracaju de manhã bem cedo, visitando os canyons, e voltando no mesmo dia. Eu recomendo ficar em Piranhas por 2 noites, vale muito a pena, que foi o que fizemos. Hospedamo-nos em uma pousada encantadora, a Pousada Pedro do Sino, em cima de uma montanha, de onde de um lado tínhamos uma visão panorâmica do São Francisco, e do outro o centrinho histórico da cidade de Piranhas. Nosso quarto tinha uma varanda com um visual tão inspirador, que um dia madruguei, e com o sol nascendo, fiz uma prática inteira de yoga, delícia!
Visual do restaurante da pousada, delícia!








 
Praia do Grota Angico, no Rio São Francisco

Esta praia é em Piranhas de onde partimos para o passeio da Rota do Cangaço, fazer a trilha para o local onde Lampião e Maria Bonita foram emboscados e mortos. O local é lindo, a trilha é light, e a história que nosso guia contou sobre os reis do cangaço desmistificam bem a áurea de "heróis" que o casal tem.
Salada de cactos
A salada de cactos é um prato famoso na região. Eu já tinha provado cactos na planta mesmo, na Chapada dos Veadeiros, mas esta salada é mais elaborada, o gosto lembra o pepino.

As margens do São Francisco parecem prais de nosso litoral!

Em outro dia, fizemos o passeio para os Canyons do Xingó:

Barco entrando no Canyon do Xingó
Embarcamos um um catamarã, que navegou por 1 hora até chegar ao Canyon do Xingó. O visual ao longo do rio São Francisco é lindo, vegetação super preservada, nenhuma construção. 
Point do mergulho
O catamarã finalmente chega a uma estrutura flutuante na entrada do canyon, de onde tomamos o barquinho para explorar os canyons por dentro. O passeio de barquinho é super rápido, pois logo os canyons se fecham e não é mais possível passar. Mas vale muito a pena, pois as rochas vermelhas, a água verde, a vegetação que teima em nascer do nada, e os animais formam um verdadeiro espetáculo.
Em muitos locais, o São Francisco mais parece um mar, de tão largo e profundo.
No catamarã rumo aos canyons.
Hidroelétrica do São Francisco
Conhecer a hidroelétrica foi um passeio que tenho que agradecer a Audy de ter ido. Eu jamais teria pensado em ir lá, e até tentei arranjar alguma bike para alugar para ir explorar as trilhas da região ao invés de ir na hidroelétrica, mas como não consegui nada, fui com ela, e realmente foi muito legal, super interessante caminhar por dentro daquela estrutura giganteesca, e ouvir a história da construção e do importante papel  que representa hoje em dia na região.

Créditos fotográficos deste post: http://audmara.blogspot.com/

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aracaju e Mangue Seco


Aracaju

Hoje de manhã enquanto eu pedalava por uma praia infinita, com coqueiros de um lado e um mar azul prateado de outro, criei uma religião, que consiste basicamente em todo ano vir para o nordeste passar uma (s) semana (s) durante os meses de inverno.  É um pecado congelarmos no sul, quando o paraíso ensolarado está tão perto, nem precisa mudar de hemisfério!


                                                                                                                                             
Aracaju é um sossego.  Ficamos na Praia da Atalaia, que é o bairro turístico, onde só há hotéis, pousadas, restaurantes e bares, distante do Centro. A pousadinha que achei na internet, Pousada do Sol, é uma delícia, só atravessar a rua, a ciclovia, um lago, um gramado enorme e chega na praia. As praias da cidade de Aracaju não são lindas, é uma praia só que vem da fronteira com a Bahia, atravessa Sergipe, e vai até Alagoas. Mas a orla, que é a beira-mar daqui, é uma delícia. Dois dias à noite fui correr ali, uma brisa deliciosa, e muita gente correndo e pedalando.     


Aliás, desde que cheguei aqui e vi tanta gente pedalando, me deu uma vontade enorme de conhecer a região sobre duas rodas, e hoje consegui alugar uma bike. Foi a melhor decisão! Comecei pedalando pela ciclovia em direção ao sul, pois a medida que se afasta da área urbana, a praia vai ficando mais bonita. Depois de 20 minutos pedalando, a ciclovia acabou, e aí ao invés de continuar pela rua, resolvi pedalar na praia.   Que delícia, areia dura e brisa do mar! Cheguei à Praia de Parati, que é linda. Eu tinha combinado de pegar praia ali com um pessoal que conheci ontem, mas não resisti. Já tinha pedalado por 1 hora, e resolvi continuar. Praia deserta, não via ninguém na minha frente, só um visual lindo! Ao voltar para a Praia de Parati, tomei uma água de côco, e todo mundo quis pedalar pela praia com minha bike. Ficamos horas ali, papeando na sombra dos coqueiros, até que me deu muita vontade de sossego (mais sossego) e de ler o meu livro. Como é bom ter uma bike, tempo bom, não ter rumo nem compromisso! Comecei a pedalar no sentido da volta, e logo vi um ‘ajuntamento’ de coqueiros fazendo uma sombra enorme... li...dormi...pensei...entrei no mar.... li mais..... que vida dura....

** Outras dicas de Aracaju: o Mercado Municipal de Aracaju vale muito a pena uma visita, e a famosa Passarela do Caranguejo é um pega-turista forte!












Mangue Seco

Mangue Seco, apesar de estar em território Baiano, fica a apenas 80 km de Aracaju. Eu sabia que queria ir até lá, mas ainda não sabia como. Minha amiga Audy, com que eu tinha ido para o Cangaço, já tinha voltado para Sampa. Eu tinha até agendado na recepção de nossa pousada para ir por um passeio deles, mas não estava me sentindo bem com a idéia de excursão. Então enquanto eu tentava extrair alguma informação do recepcionista da pousada sobre ônibus de linhas ou outras opções, um casal carioca que eu já tinha conversado na pousada, me convidou para ir com eles, no carro que eles tinham alugado. Ótimo, adorei a mudança de planos!  Só que eu só poderia ir com eles até lá, e não voltar, pois eles iam continuar a viagem rumo a Salvador pela linha verde, ou seja, ia ter que descolar outro jeito de voltar.

Saímos cedo de Aracaju rumo sul, e depois de uns 40 minutos de ótima estrada, chegamos no fim da linha, frente a um rio maravilhoso, caudaloso e azulzinho. Uma curta travessia de lancha, e eis que chegamos ao famoso Mangue Seco. Dali do píer ainda não dava para ter idéia do porque do local ser tão famoso. Ainda mais que vários bugueiros não nos deixavam em paz, querendo cobrar uma fortuna para irmos de bugue até a praia pelas dunas. Alegavam que era ‘impossível’ ir caminhando pela praia....mal sabem eles.... se desse tempo teria ido de Aracaju até Mangue Seco a pé! O casal de cariocas foi de bugue pois tinham pouco tempo, e eu, que já não gosto de bugues nem de nada motorizado e barulhento sobre dunas e restingas, me juntei a duas catarinenses, e fomos descobrindo o caminho na raça até a praia.... “as duas horas de caminhada sobre dunas” transformaram-se em 20 minutos ao longo do rio!   

Um visual mais lindo do que o outro, uma paz, um silêncio, me lembrou demais minha época de Morro de São Paulo, final dos anos 80, quando não tinha nem eletricidade nem casas nas praias. Aquele astral de tempo passando devagar, praia lindíssima (inexplicável, parece que é só pisar na Bahia e tudo se transforma!), e eu já estava louca para me mudar de Aracaju para Mangue Seco. Varias pousadinhas super charmosas na beira do rio. Caminhei muito pela praia, até esquecer da vida, e lembrar que tinha hora para voltar, pois já tinha combinado de voltar com as catarinenses para Aracaju. 

Definitivamente sei que um dia vou voltar para este lugar, e passar um bom tempo.

domingo, 24 de julho de 2011

Livros que me marcaram recentemente

O Safári da Estrela Negra - Uma Viagem através da África - Paul Theraux

Delicioso de ler. Conta a história real de um homem que esteve na África há 40 anos como professor univeritário no Malaui, e agora refaz a viagem, de Cairo à Cidade do Cabo, viajando de ônibus e barco pelos caminhsos que os próprios africanos percorrem, passando longe da África visitada por turistas. Apesar de eu já ter lido muito sobre a África, e de já ter ido para lá para fazer pesquisa, este livro me trouxe uma abordagem totalmente nova. Adorei o tom da aventura, do imprevisto, e de cada situação totalmente inesperada que o viajante, corajoso, passou, ou melhor, sobreviveu. Durante a sua viagem, o autor questiona em inúmeras situações os programas assistencialistas  patrocinados por países e pessoas bem-intencionados, mas que em realidade, fomenta uma cultura de acomodação total por parte de vários países africanos: é mais fácil esperar ganhar o peixe do que ir pescá-lo. 


Musashi - Eiji Yoshikawa

Sem dúvida o melhor livro que li esse ano, e já entrou para minha lista dos Top 5. Romance ambientado na época dos xogunatos. Conta a estória do Samurai Musashi, descrevendo cidades, locais, natureza, hábitos, estilos de vida e o dia-a-dia dos japoneses naquela época. Delicioso de ler, e mostra um Japão surpreendente. São 2 volumes enormes, que eu gostaria que tivessem sido 10. Os princípios, o carisma, as aventuras, e a consequente evolução como ser humano do protagonista são apaixonantes. 




De Cuba com Carinho - Yoani Sánchez
Não é um livro fácil, e às vezes nem agradável de ler, pois retrata a triste realidade Cubana dos anos chavistas, contadas por uma filóloga Cubana, que não se conforma com a falta de liberdade, falta de acesso à cultura, falta de comida, entre várias outras faltas. Entretanto, é interessantíssimo, pois em cada conto, a blogueira relata algum fato de se dia a dia, e estes fatos sempre são de uma realidade absurda, que me é difícil acreditar que existiu. O tom dos contos é tão real, que tinha a impressão de estar lendo emails da autora para mim. Eu tinha um interesse / curiosidade especial em relação a Cuba, desde que tive uma 'roommate' Cubana em Dresden na Alemanha Oriental. Apesar de ser uma pessoa muito simpática, extrovertida, ela nunca contava nada do dia a dia cubano, sempre mudava de assunto quando eu perguntava. No dia de sua partida de volta para Cuba, fiquei chocada ao ver ela deixar para trás todos os seus pertences, roupas, maquiagens, sapatos, e encher a mala só de comida. Este livro de Yoani me explicou esta atitude.



Que Deus Não Me Ouça - Tatiana Ribeiro
Para quem conhece a autora, já sabe o que esperar de seus contos: um humor inteligente, crítico e lógico... engraçadíssimo! Ela se baseou em fatos do seu dia a dia, para relatar o que a irrita (e aí a lista é enorme!) e transformar estas irritações em comédia! (meu ponto de vista). Lendo os contos, me identifiquei em várias situações vividas por ela, e me diverti! Ao contrário da Tati, a autora, eu não me irrito com os assuntos que a irritam, na maioria das vezes nem percebo tais situações, por isso mesmo acho tão incrível o seu humor questionador.



A Vida de Pi - Yann Martel

Mais um livro delicioso. Super recomendado para uma leitura de praia. Prepare-se, pois apesar do tema absurdo, não dá vontade de desgrudar do livro. O tal tema absurdo trata da sobrevivência à um naufrágio de um garoto hindu em companhia inesperada de animais selvagens. Uma estória maravilhosa em um cenário desconcertante. E uma moral da estória emocionante. Terminei de ler este levro a menos de 1 mês, e já estou com vontade de lê-lo de novo.



domingo, 12 de junho de 2011

Caminho Português de Santiago de Compostela BY BIKE

Finalmente o pedal!
Estamos moídas, coxas anestesiadas, dor em todo lugar, mas so happy! Pedalar pelo norte de Portugal foi a melhor escolha, os caminhos são lindos, super tranqüilos, a paisagem é lindíssima e super diferente do que estamos acostumadas! As casas são na maioria feitas de granito, e tem jardins enormes que são sempre plantações de alguma coisa, a maior parte videiras, mas também tem muita horta. As flores são um capítulo à parte, nunca vi lugar tão florido. Não que dê muito tempo para apreciar a paisagem enquanto pedalamos... a maior parte do pedal  foi em trilhas, caminhos romanos (aquelas pedras que escorregam muito), à beira de rios, cascalho, ou seja, temos que prestar atenção, se não é chão!! Ainda bem que tiveram várias paradas em locais lindos... tanto para ver a paisagem quanto para recobrar o ar... me apaixonei pelos downhills.... a gente despenca morros abaixo sem a menor preocupação de carro, nem de gente, nem de nada.... uma delícia!

Sobre o roteiro, começamos o pedal em Braga. Mas vale dizer que o pessoal da Portugal Bike que passou para nos pegar em Porto, caprichou nos detalhes! Sempre pousadas lindas e aconchegantes, ao longo do caminho todo. Antes de começar o pedal, dormimos em Braga, uma das cidades mais antigas de Portugal. Antes ela se chamava Bracara. Foi em Braga que adquirimos nosso primeiro carimbo na nossa credencial do peregrino. Para falar a verdade, quando eu resolvi fazer esta viagem, só pensava nos visuais, na bike e que ia percorrer um caminho histórico, mas logo no primeiro dia, vi que a grande maioria das pessoas leva a peregrinação muito a sério no sentido religioso e espiritual. Então em cada cidade que passávamos, lá íamos nós atrás de pelo menos 2 carimbos. Na maioria das vezes, esses locais que estampam a credencial, que parece um passaporte, são igrejas. Igrejas que são lindas, medievais, mas também estampamos em cafés charmosos e outros locais turísticos. No primeiro dia pedalamos 43 km, e eu simplesmente desmaiei na cama quando chegamos em Ponte de Lima, não conseguia nem me mexer. Depois de um tempo, a Xoks me acordou e nós fomos jantar com o pessoal do pedal. Em Portugal o fato de jantar SEMPRE implica em tomar vinho. Então já viu, pedal + vinho = cama.

E assim os dias continuaram. No dia seguinte pedalamos para Ponte de Lima, que é a vila mais antiga de Portugal. No outro dia para Valença. Esses 2 dias foram puxadíssimos no pedal. No meio do dia sempre fazíamos um piquenique em algum lugar legal, e depois continuávamos. No dia seguinte atravessamos a fronteira entre Portugal e Espanha pedalando por uma ponte em um local maravilhoso, super verde, foi bem legal, ou como os portugas falam, ‘muito giro’! Na Espanha a paisagem rural continua bem parecida com a de Portugal, mas menos intensa. Há mais cidades e elas são muito mais populosas, mais carros na rua, mais gente, mais movimento. Acabaram os bacalhaus e começam os melhores chocolates-quentes do mundo e as tapas. Esta parte da Espanha, em cima de Portugal, é a Galícia, região onde os galegos, há mais de 1 século, querem a independência da Espanha. Eles nem se consideram espanhóis, e em todo lado tem pichações do tipo “Nunca seremos Espanha”.

A primeira cidade na Espanha onde pernoitamos foi em Pontevedra. Aliás este dia de pedal foi uma delícia, o dia mais plano da viagem, as pernocas nem acreditaram! Desde que entramos na Espanha, passamos a ver muitos mais peregrinos no caminho. Todas as vezes que passamos por eles, fiquei feliz da vida de estar de bike. De lá seguimos para Padron. Acho que desde o dia anterior as nossas pernas já estavam meio amortecidas, pois não sentíamos mais aquela dor na coxa, somente que elas estavam muito pesadas.  Mais 2 dias de pedal, e no último, ... enfim Santiago de Compostela! Tenho cá para mim, que essa estória de caminho místico é resultado do esforço, da superação e do sofrimento para se chegar a certos lugares... foi a mesma sensação quando estive em Macchu Picchu, quase morri carregando aquela mochila de 17 kgs, Andes acima e abaixo, um frio de congelar, e lógico que quando chegamos a Macchu Picchu achei que era um milagre divino.Tive essa nítida impressão ao chegar à Santiago, naquela praça enorme em frente àquela catedral gigante e aquelas centenas de peregrinos... Sem saber, mas ainda mais especial, chegamos à Santiago em feriado nacional de Portugal, o dia de Camões. Mesmo eu não sendo nada mística nem católica, não tive como não me emocionar ao ver aquilo... as lágrimas vieram aos olhos por conta da emoção e da superação de ter pedalado até ali, e de minha admiração por toda aquela gente ali reunida. A viagem de pedal para a gente até que foi tranqüila se comparada com a deles, já que não tivemos que carregar bagagem e as bikes voam, mas a grande maioria vai à pé, carregando as mochilas, com um cajado em cada mão. Ouvimos estórias de gente que caminha quase 2 meses para chegar lá!

Passadas as emoções, fomos pegar o nosso último carimbo na credencial para recebermos o certificado de Compostela (eu nem sabia que existia isso). Uma fila enorme de peregrinos para receber o tal certificado, e depois disso, liberados para curtir Santiago de Compostela. A cidade é uma graça, cheia de gente, cheia de bikes, de shows, de música, realmente encantadora. Apesar de meio mortas de cansaço, nem paramos para descansar, pois só tínhamos aquele dia para curtir ali. Então rodamos a cidade toda de dia, e de noite ainda saímos para brindar. Com a bênção de Santiago!


Eu vou, eu vou... para Compostela eu vou!

Pontes romanas no caminho...

Flores e mais flores....

No começo é tudo lindo....

Xoks making friends.

Os caminhos passam por fortalezas...

... que são lindas.

E subidas por caminhos romanos....

As videiras fazem uma sombrinha boa...

E esses caminhos romanos escorregam.... aí o jeito é usar outros músculos....

Passam por contruções medievais também....

O símbolo do peregrino é a vieira. E ela assim estilizada indica o caminho a seguir...

Às vezes cansava tanto que eu achava que não ia nem conseguir levantar...

Xoks colocando as pedrinhas dos peregrinos...

Menu de brasileiro em Portugal.

A Ponte que atravessamos de Portugal para Espanha pedalando.

Sem fronteiras!

Mais símbolos indicando o caminho.

Não podia esquecer do tal carimbo....

Catedral de Santiago de Compostela!

 É nossssaaaaaaaa!!!!!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Porto

Estamos amando Porto! Porto é a cidade do Rio Douro, que entra país adentro ladeado por colinas cobertas de videiras e oliveiras, dos vinhos maravilhosos, das noites super agitadas com bares e boates para todos os lados, galera na rua, cidade super musical, das bandas de rua, dos movimentos ambientais, das livrarias e dos sebos, das construções maravilhosas caindo aos pedaços, afinal é uma cidade portuária. Nos perdemos enquanto explorávamos o centro histórico muitas vezes, fizemos um cruzeiro ao longo do Douro até a Régua, onde fomos em uma vinícola de vinho do porto e provamos vários vinhos deliciosos, dormimos no comboio (trem), comemos bacalhau, curtimos 3 super shows na rua à noite, rock´n´roll e percussão,  e não queremos mais ir embora de Portugal....
Dica de hospedagem ótima em Porto super bem localizada: Best Western Inca. 
Agora já está dando um friozinho na barriga, pois nossa viagem de bike rumo à Compostela começa hoje!! E hoje a Ju também nos abandonou.... ela partiu as 5 da matina para Leon, pois vai fazer o caminho a pé, como uma verdadeira peregrina. A Xoks e eu vamos pedalar.... yessssssssssss..., animadíssimas!
Tomando um sol e vendo a paisagem na beira do Rio Douro.

Show na rua. Maior rock´n´roll!

As videiras ao longo do Douro, vizual lindooooooo....

Uma das tantas casas maravilhosas com azulejos portugueses.

Sol e relax à beira do Douro....

Créditos fotográficos: Pauléti Xoks.

Xoks apreciando a paisagem durante o cruzeiro.